*Por Anderson Souza
Faz aproximadamente 15 anos, que me inseri no contexto religioso, a partir de então ouço repetidas vezes, a respeito de dízimos e ofertas. Já ouvi discursos dos mais estapafúrdios possíveis a respeito de Malaquias 3.10 e textos do gênero, quase sempre apropriado fora de contexto e aplicado de pré-texto para intimidar e algumas vezes chantagear sutilmente os fiéis a fim lograr êxito furtivamente nas arrecadações.
Entretanto, não tenho por afã discutir (pelo menos não nesse momento) exegeticamente, nem tão pouco apontar chaves hermenêuticas de textos tão mal interpretados. Mas sim pensar, refletir e apontar as sutilezas de líderes religiosos, que se transvestem de “santos homens de Deus”, mas seus frutos e suas práticas revelam pessoas concupiscentes, hedonistas, envoltos em seus pragmatismos; vivem no luxo enquanto discursa a partilha, vivem em regalias enquanto seus fiéis passam por inúmeras dificuldades.
A problemática reflexiva desse artigo é simples e ao mesmo tempo importante, para libertação do julgo de pessoas que querem fazer da fé, massa de manobra no intuito de ter uma vida farta, de ostentação e caprichos nas custas dos fiéis, que em geral são pessoas simples e trabalhadoras, cujas contribuições partem de corações puros na intencionalidade que suas ofertas sejam revertidas para quem de fato precise, a saber, os “órfãos e as viúvas” (classe de pessoas indefesas e necessitadas da solidariedade, do altruísmo e do amor humano).
Nesse sentido não devemos simplesmente nos ater no embate tenso de que dar dízimo e oferta é pecado ou não, se é certo ou errado, e sim também nos preocupar com a reversão do mesmo. E levantar questões como: O que se tem feito com o dinheiro que tem se depositado no gasofilácio e nos envelopes de dízimo? Tem chegado ao seu devido fim? Sua administração é mais coerente com a ambição da instituição ou com a proposta do Evangelho? Tem se investido em vidas ou apenas em bens materiais? Estamos construindo pontes para chegar ao próximo ou aplicando em construções faraônicas? Existe o princípio da partilha ou do acúmulo somente para alguns?
Perguntas como essa nos ajuda a refletir o cenário religioso, e tem a proposição imperativa de conscientizar que o membro não deve apenas contribuir, mas sim ser agente fiscalizador, também acompanhar a trajetória de sua contribuição, pois seu papel não está de fato cumprido apenas no ato da oferta e sim na aplicação da mesma. Mister se faz, mesmo informalmente, que o membro sindicalize seus líderes com efetividade e eficiência no intuito de ajudá-los a investir não apenas em coisas supérfluas, mas sempre objetivando pessoas.
Por onde ando sempre ouço a respeito de dízimo e oferta com certas dúvidas, algumas pessoas não tem essa temática como bem resolvida, e não se dão por satisfeitas com qualquer argumentação. Talvez uma das grandes problemáticas, seja a seguinte indagação suscitada: Dar Dízimos e Ofertas para Igreja é Dar Dízimos e Ofertas para Deus?
[continua...]
*Bacharel em Teologia
Graduando Psicologia
Pós-graduando Metodologia da Ação Docente
Nenhum comentário:
Postar um comentário