Não tenho conseguido escrever, apesar da incongruência do
momento, pois é exatamente o que estou fazendo. Mas, não é dessa escrita que
estou falando... Os sentimentos têm sido
tão intensos, pensamentos e mais pensamentos... Entretanto, não tenho conseguido
transformá-los em letras, palavras e frases. Não que eu o tenha que fazer,
porém, porém, fazer isso é catártico. Tenho sido assaltado por emoções que do ponto de vista
lógico achei que estava a caminho de resoluções, mas, às vezes acho, aliás,
tenho certeza que memórias não são lineares e sim cíclicas e se são cíclicas,
como dizia minha mãe “vire-e-mexe”
elas nos visitam.
O grande impasse é que essas lembranças não são aprisionadas no passado, não obstante elas aparecem subvertendo a lógica do tempo, logo, passado não é passado e futuro não é futuro, se elas [lembranças] aparecem, agora tudo é presente, tão presente, que incita nossos
desejos e vontades... Como é difícil lidar com isso, às vezes acho que não vou dar conta, pelo menos não do ponto de vista orgânico, minhas sublimações estranhamente vão se diluindo em doses homeopáticas na tentativa de captar a satisfação. Aliás, o filme A Era do Gelo figura exatamente isso através do Scrat [esquilo dentes-de-sabre] e sua relação de desejo e obsessão por uma noz. Vida,
vida, vida, você [não do ponto de vista ontológico] com todo o seu cinturão
biológico e social acaba estabelecendo regras cruéis. Cruel para aquele que tem
dificuldade de se convencionar, ou nem isso, para aquele que quer um pouco mais
de tempo, não para pensar, sobretudo, para desfrutar, experenciar –
viver!
Se viver é tão bom, porque demarcamos tanto? Que maldita topográfia
é essa? É como que, se houvesse a necessidade de georeferenciarmos nossas emoções em divisões episódicas. A vida é bem maior, ela por si só é um grande acontecimento, subterritorializá-la, é como senti-la em conta-gotas. A sensação que tenho
é que, a vida sendo tão grande e nós tão pequenos, precisamos fatiá-la parra vivermos de momentos ou momentinhos, de modo que o holístico é só um adjetivo localizado de forma alfabética
em qualquer dicionário. Ou quem sabe a Gestalt
tenha suas razões quando diz que, pela parte compreendemos o todo. Não sei, o que sei,
é que no chão da vida as coisas não tenho sido tão simples assim.