terça-feira, 5 de julho de 2011

Especialista critica ‘medicalização’



Por Maria Aparecida Affonso Moyses

"Os maiores responsáveis pela dislexia são o salário baixo de professor e o número elevado de alunos por sala de aula". A afirmação é da pediatra e professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Maria Aparecida Affonso Moyses, que ontem, em palestra na Universidade Estadual de Maringá (UEM), questionou o elevado número de diagnósticos de dislexia, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e outras doenças que afetam aprendizagem ou comportamento.

De acordo com ela, as doenças têm mascarado a infância e características individuais de crianças e adolescentes, promovendo a "medicalização" da sociedade. O termo é um dos principais do X Congresso Nacional de Psicologia Escolar (Conpe), que prossegue até quarta-feira na UEM.

Maria Aparecida alega que pais e educadores estão reféns dessa situação social de transportar questões para o âmbito médico e se esquecem de que faz parte do comportamento da criança desafiar, testar os adultos, infringir regras, ampliar limites. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, a incidência da doença varia entre 5% e 17% da população mundial.

A médica critica o número elevado de diagnósticos e o fato deles se basearem na leitura. "Até que ponto esta é uma doença inata ou uma dificuldade de aprendizado da pessoa, até mesmo falha do ensino?"

Além das implicações negativas de ter uma doença, como a dislexia, o diagnóstico incorreto de outras doenças comportamentais podem modificar a vida de crianças e adolescentes. Os tratamentos para esses transtornos é feito com medicamentos.

A pediatra exemplifica o seu posicionamento com os questionários aplicados para classificar uma criança hiperativa ou com déficit de atenção. "Entre uma resposta e outra, há uma infinidade de outras possibilidades", lembra Maria Aparecida.

Contribuição: Site odiário.com

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