sexta-feira, 16 de abril de 2010

ORAÇÃO AO DEUS DESCONHECIDO

Por Friedrich Nietzsche

Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar
para a frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na
direção de quem fujo.

A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares
festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.

Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
“Ao Deus desconhecido”.

Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.

Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.

Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-Lo.

Eu quero Te conhecer, desconhecido.

Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.

Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quere servir só a Ti.

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