Disseram-me que se eu orasse, rezasse, clamasse e suplicasse
o Senhor ouviria. Aliás, me disseram que, se eu orasse, rezasse, clamasse e
suplicasse você me ouviria.
Cresci ouvindo que você estava ali ou aqui, pertinho, pronto
para um acolhimento. Acreditar nisso é e foi ou foi e é um bálsamo a minha mente ferida
e cansada, e não me importa se assim é ou se assim foi, o formidável é
que a sensação estava instalada.
Mas, hoje, especificamente hoje, tá difícil, muito difícil e não obstante a tudo isso, de alguma maneira eu continuo crendo,
mas, paradoxalmente duvidando.
Sim, tenho muitas dúvidas e o interessante é que não as
quero perdê-las.
Não quero viver de e com certezas, apenas quero fazer as pazes com
o improvável. Penso que esse é o caminho mais difícil, no entanto não vejo
outro, aliás, os outros não me satisfazem, não porque os escolho,
mas, porque não me atendem.
Na tentativa de pensar na possibilidade de relativizá-lo, me
pego escrevendo tudo isso, logo, rui toda e qualquer possibilidade e tentativa de relativizá-lo.
Cadê você? Onde está? Ou será que não está? Ou estará capciosa
e obviamente perto, tão perto que não o vejo. Logo, o problema não é de quem aparece, mas, sim de quem não
pode ver.
Não tenho conseguido vê-lo, ouvi-lo, todavia, não consigo
fazer a mesma afirmação com relação ao senti-lo.
Misteriosamente sinto algo ou alguma coisa, porém,
isso se perde nas minhas dúvidas, e por se perder não consigo mais nomear, afirmar e aos
poucos nem mais falar sobre... Talvez isso seja bom, porque também nãos as quero. E o que
eu quero? Não, sei. Talvez continuar duvidando, mas, crendo.
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